segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Do impresso à hipermídia

A escrita desde a sua constituição surge do empenho humano para concretizar sua comunicação e seus registros, embasado nesta perspectiva, é que o objetivo do presente trabalho é apresentar um breve estudo sobre a história da escrita, desde os primeiros manuscritos, até a invenção da imprensa por Gutenberg (séc. XV), aos primeiros impressos. Quais foram os caminhos trilhados pela humanidade no processo da escrita e da leitura das mais variáveis formas, será um dos enfoques principais aqui apresentados. Neste texto teceremos algumas considerações sobre os impressos em tempos audiovisuais e na era da informática: da linearidade à hipertextualidade. Será apresentada a concepção do texto, bem como, a construção de conhecimento na Internet. Em um enfoque político e reflexivo, os textos apresentados, debatem sobre as diferentes formas de apresentação da escritura no formato digital e o trabalho com a mídia impressa utilizando recursos audiovisuais e hipertextuais. Pautado em estudiosos da área trazendo uma maior reflexão para o leitor, bem como relato de experiência da professora Alda Beraldo.
 A escrita tornou-se um instrumento de valor inestimável para a difusão de idéias e informações. Esses acontecimentos surgiram com o homem primitivo no tempo das cavernas, quando este começou a gravar imagens nas paredes. Através deste tipo de representação (pintura rupestre), trocavam mensagens, passavam idéias e transmitiam desejos e necessidades, essa forma de expressão é chamada pictográfica. Foi somente na antiga Mesopotâmia que a escrita foi elaborada e criada, os sumérios desenvolveram a escrita cuneiforme. Desenvolve-se então, a escrita ideográfica, um dos inventos na progressão até a escrita alfabética, agora usada mundialmente. A escrita ideográfica, não utilizava apenas rabiscos e figuras associados à imagem do que se queria registrar, mas sim, que representasse uma idéia, tornando-se posteriormente uma convenção de escrita. As letras do nosso alfabeto vieram desse tipo de evolução – discorre o texto. Os primeiros livros eram escritos a mão, construídos pelos copistas, sendo esses monges, uma vez que as informações era algo restrito apenas para igreja e nobres.
Hodiernamente, entendemos que não há dúvida de que a conjugação de computadores, espaço virtual e hipertexto deram origem a um novo suporte de leitura, o eletrônico / virtual, surge aí à escrita eletrônica. A leitura e a escrita eletrônica dão ao processo de alfabetização uma dimensão completamente nova.
Outra temática abordada diz respeito “a leitores e práticas de leitores”. Na Idade Média a leitura era feita para de ouvintes membro do clero ou nobreza – o lente – dada a escassez de manuscritos. A leitura permanecia restrita a grupos controlados pela elite, também porque o acesso ao conhecimento poderia subverter a ordem instituída. Com o advento da sociedade burguesa passa a existir a democratização da leitura, quanto mais pessoas se alfabetizavam, mais iam tendo acesso a livros e outros impressos. A leitura, atualmente, é vista como ato individual que mantém uma dimensão socializadora, já que constitui uma inserção do sujeito numa prática presidida por relações interativas e produções de sentido das quais o leitor participa.
Assim como a professora Alda Beraldo que com sua criatividade se valeu do que tinha para propagar a informação aos seus alunos –“bibliojegue” pelas ruas da cidade, um jegue, uma carroça lotadas de livros, a humanidade em tempos remotos utilizava de variados artifícios para registrar suas emoções, informações... deixando de herança para gerações vindouras.
Foi graças à criação de Gutenberg – a imprensa em 1450, que permitiu o processo de popularização da leitura. A invenção da tipografia deu origem ao primeiro bem de comércio uniformemente reproduzível, à primeira linha de montagem e à primeira produção em série. A portabilidade do livro contribuiu para o novo culto do individualismo. Esta característica criou uma crescente rapidez de leitura, tornada possível com a impressão de letra “à máquina” ao contrário da manuscrita que era muitas vezes difícil de decifrar.
Atualmente, existe também outra forma de difundir a informação .popularizando cada vez mais  informação - a internet/hipertexto.  É valido frisar que nenhum novo meio de comunicação que surge substitui o antigo, muito pelo contrário, apenas agrega valor juntamente com aquele que já existia. Na tela do computador, encontramos a escrita basicamente de duas formas. No formato texto, formato semelhante ao dos rolos de papiro, onde também é preciso rolar o texto, o que temos é apenas uma transposição do livro para a tela, e no formato hipertexto, no qual o conteúdo é apresentado de forma não seqüencial, linear, o que permite ao leitor uma diversidade de caminhos para a realização da leitura de um único texto.
O hipertexto, nova forma de escrita e de comunicação da sociedade informático-mediática, é também uma espécie de metáfora que vale para as outras dimensões da realidade. A internalização da estrutura do hipertexto como mediação para a produção de conhecimento implica novas formas de ler, escrever, pensar e aprender. O hipertexto, pela sua natureza não é seqüencial e não-linear, afeta não só a maneira como lemos, possibilitando múltiplas entradas e múltiplas formas de prosseguir, afeta também, o modo como escrevemos, proporcionando a distribuição da inteligência e cognição. De um lado, diminui a fronteira entre leitor e escritor, tornando-os parte do mesmo processo; do outro, faz com que a escrita seja uma tarefa menos individual para se tornar uma atividade mais coletiva e colaborativa. O poder e a autoridade ficam distribuídos pelas imensas redes digitais, facilitando a construção social do conhecimento. É valido ressaltar as bibliotecas virtuais como suportes multimídias desta interação.
Caminha-se para uma sociedade mais liberada na qual a criatividade co-existirá com a interpretação textual. Mas, não se deve dizer que o correto é substituir uma coisa velha por outra nova, e sim conservar as duas. Um dispositivo hipertextual, que nos permite inventar textos novos, não tem nada a ver com nossa habilidade para interpretar textos pré-existentes.  Alguns afirmam que os computadores tornarão os livros obsoletos - os computadores reinventarão o livro, agora, no formato eletrônico.  Qualquer que seja a descoberta, da mais simples a mais arrojada, tem o seu papel e a sua relevância em um determinado contexto histórico e social, estas se tornam cada vez mais essenciais nas experiências contemporâneas, assumindo característica de produção, veiculação, consumo e uso especifico de uma determinada cultura no mundo.
Lúcia Santaella em outro texto, define hipermídia como uma nova linguagem híbrida que integra texto, imagens fixas e em movimento, som, música e ruído. Transformando, assim, completamente o modo como entendíamos o texto, a imagem e o som. Foram várias as mudanças desde os primórdios. Para a autora, escrita e imagem não somente convivem como também se misturam a partir do século XX. A cultura das mídias surge então, como à cultura da multiplicação midiática que se intensificou com a mistura entre linguagens e meios. Na internet, a forma de apresentação do texto muda da convencional para a hipertextual. O texto foi inserido de várias maneiras durante a história da humanidade e a forma digital é apenas mais uma delas. Apresentações textuais tradicionais como jornais, enciclopédias e livros estão sendo digitalizadas e mesmo assim muitas pessoas ainda acham a leitura no impresso mais confortável. A hipermídia seria então uma forma privilegiada para mensagens curtas em formato multimídia, que como as anteriores não substituiriam as já existentes e sim as completariam.

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